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Moro é 'vitima' de delações reais e não premiadas


Por Raimundo de Holanda

16/06/2019 19h49 — em
Bastidores da Política



A estratégia do governo, de levar para um escrutínio a participação de Sérgio Moro na Lava Jato e a importância das medidas adotadas contra a corrupção no País é grave sob vários aspectos: se  colar, como querem os lavajistas, mostrará que o Brasil caminha para a desconstrução das instituições, notadamente do Poder Judiciário.

A Lei, dependendo ou não do que está escrito como regra, cederia lugar aos apupos ou aos aplausos das ruas. E isso  é gravíssimo.

Ao aderir a essa ideia, Moro joga no lixo toda uma história de respeito à democracia, que ainda não se desfez,  apesar dos evidentes  erros cometidos na relações que mantinha com membros da Força Tarefa.

Para sair inteiro e respeitado dessa crise,  Moro tem o dever moral de se afastar do Ministério da Justiça, até que  investigações sobre o vazamento de chats privados entre ele e Deltan Martinazzo Dallagnol sejam concluídas. E  pelo simples fato de que a Polícia Federal, encarregada de investigar os vazamentos e a veracidade dos textos já publicados é comandada por ele, e, portanto, recai sobre ela a suspeição sobre qualquer resultado que venha a ser apresentado.

 CRASH INSTITUCIONAL

Moro ainda é a  contraparte à fragilidade de um governo que se decompõe a cada dia, arrastado pela arrogância e destempero de seu chefe, em guerra aberta contra o Legislativo e o Judiciário.

Os erros e o descontrole entre seus filhos com ministros e assessores, e estes entre si, colocaram o país numa crise de fake news sem precedente..

Bolsonaro tenta impor ao Brasil um governo temerário, que ele pretende ‘armar’ com milícias para defendê-lo numa eventual crise e colocar em cheque as instituições democráticas.

Tudo isso nos coloca na iminência de um ‘crash institucional’ e nos transforma em cidadãos amedrontados diante de ministérios paralisados e uma nação cada vez mais sem rumo.

A queda de Moro, se ocorrer, pode gerar o ‘efeito dominó’ em Bolsonaro, o mito. As gravações hackeadas chegam a níveis cada vez mais ‘inconfessáveis’. Mas agora se tornam públicas e temerárias.

Mesmo no centro do pelourinho, Moro mantém viva a força-tarefa da Lava Jato. Só que os esqueletos são marionetes  com a voz poderosa de delações reais e não premiadas.

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ASSUNTOS: Bolsonaro, Lava Jato, lavajto, Moro, MPF, The Intercept Brasil

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.