SÃO PAULO - O anúncio das medidas de estímulos do Banco Central Europeu (BCE) foi fator determinante para que o dólar comercial caísse para a menor cotação em mais de um mês. A moeda americana fechou em queda de 1,26% ante o real, a R$ 2,572 na compra e a R$ 2,574 na venda. Essa é a menor cotação desde os R$ 2,557 no dia 3 de dezembro. A moeda brasileira também ganhou força frente ao euro, que no mercado à vista caiu 2,96%, a R$ 2,928, ficando abaixo de R$ 3 pela primeira vez desde 11 de setembro do ano passado. Já o Ibovespa, principal índice do mercado acionário local, fechou em alta 0,44%, a 49.442 pontos.

Na avaliação de Jefferson Luiz Rugik, economista da Correparti Corretora de Câmbio, o pacote de compra de ativos de € 60 bilhões ao mês do BCE, acima dos € 50 bilhões esperados, e a alta da Selic para 12,25% ao ano deram impulso para a valorização do real.

— O dólar comercial iniciou o pregão já abaixo da casa dos R$ 2,60, embalado pela alta da Selic de ontem, e continuou a perder valor ao longo do dia, principalmente após o anúncio por parte do BCE — avaliou.

Tanto no mercado de câmbio como na Bolsa, os investidores concentraram as atenções nos desdobramento do pacote do BCE e nas declarações de Mario Draghi.

— O programa vai até o final de 2016, então estamos falando de € 1,1 trilhão. O volume é relevante e vai ajudar a reverter o cenário de deflação. Com esses recursos, os governos poderão investir, estimulando o consumo. E a liquidez global fica mais elevada — afirmou.

Apesar da ajuda, Abreu lembrou que há outros fatores externos que preocupação, como a situação da economia da Rússia e o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, que tende a reduzir os recursos disponíveis para os países emergentes.

EXPORTADORAS EM QUEDA

A queda do dólar, no entanto, afetou as ações de empresas exportadoras. Com a divisa valendo menos, as receitas dessas empresas tendem a ser afetadas. Os papéis da Suzano caíram 3,08% e os da Fibria recuaram 2,47%. Os papéis da Gerdau metalúrgica também foram castigados pela queda do dólar, e fecharam com recuo de 4,99%.

PUBLICIDADE
 

Mas as maiores desvalorizações dentro do Ibovespa foram das ações do setor de educação. Os papéis da Kroton recuam 6,89% e os da Estácio registram recuo de 15,15%. Algumas empresas do setor decidiram entrar na Justiça contra as mudanças efetuadas pelo governo federal, no final de dezembro, nas regras do programa de financiamento estudantil (Fies). A Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes), que representa também os grupos Kroton e Estácio, afirmou, no entanto, que ainda está dialogando com o Ministério da Educação e que não pensa, nesse momento, em acionar a Justiça.

Já as ações da Petrobras fecharam em alta significativa na esteira da expectativa em relação ao balanço da empresa, que deve ser divulgado até o final do mês. Os papéis preferenciais da estatal subiram 4,37%, a R$ 10,25, e que os ordinárias (com direito a voto) registraram alta de 3,69%, a R$ 9,81.

A maior alta, no entanto, ficou com a Oi. As ações da empresa de telecomunicações dispararam 19,82%, a R$ 6,77, no dia em que a Portugal Telecom faz assembleia para decidir a venda de ativos à Altice.

No exterior, os índices europeus aceleram e fecharam em alta após o anúncio de Draghi. O DAX, de Frankfurt, apresentou alta de 1,32%, já o CAC 40, da Bolsa de Paris, avançou 1,52% e o FTSE, de Londres, subiu 1,02%. Já nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 1,07% e o S&P 500 registra variação positiva de 1,06%. Os mercados americanos encerram os negócios às 19h (horário de Brasília).