O caso Lorena Baptista e os erros da Justiça
- Caso Lorena Baptista entra para o livro negro da justiça
- Erros da juiza facilitaram vida de acusado
- O desvirtuamento da perícia criminal
O caso Lorena Baptista, a policial civil do Amazonas assassinada pelo marido há dez anos, vai entrar para o livro negro da justiça, seja qual for o resultado do julgamento que terá inicio nesta quarta-feira. Primeiro porque a juíza do caso não acolheu em tempo hábil o pedido de prisão preventiva feito pela polícia. Depois inocentou o acusado sob o argumento falho de que o disparo foi acidental, contrariando a perícia e todas as provas contidas nos autos.
Essa visão vesga e incorreta da magistrada, deturpada pela pressa e pela imprecisão da análise dos fatos, levou o Tribunal de Justiça a anular a sentença.
Dez anos se passaram, tempo para armar um circo - de um lado um perito contratado mostrando a trajetória da bala e quem atirou; de outro um profissional de igual formação com a versão que convém ao réu, como se a perícia criminal não fosse uma ciência exata.
Não há, nesse campo, duas versões para o mesmo crime.
É vergonhoso ver como os peritos “famosos” se venderam, construindo argumentos além dos fatos existentes, sem amparo na medicina forense. Tornaram-se advogados das partes e afundaram de vez a credibilidade da profissão.
Que ao menos a justiça seja feita e o dentista Milton César Freire da Silva, que “arrancou” a vida de Lorena, seja condenado pelo crime de dez anos atrás e pelo qual, apesar de todas as evidências, não passou um dia sequer na cadeia.
ASSUNTOS: assassinato de perita, caso lorena baptista, dentista Milton Cesar, julgamento de Lorena Baptista
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.