Demorou, mas essa ferida, que ainda sangra e estava camuflada por criminoso pacto de silêncio, foi  exposta pelo Ministério Público Federal e Defensoria Pública do Amazonas, que pediram à justiça que a União, o Estado do Amazonas e o Município de Manaus indenizem os familiares dos que morreram nos hospitais por falta de oxigênio no auge da pandemia de Covid19 em 2021.A cifra é alta (R$ 4 bilhões) e deve, caso a medida judicial prospere, beneficiar cerca de 100  famílias.

O caso está no Supremo Tribunal Federal, às voltas com o poder político, entrave para que a ação caminhe célere. Mas é um indicador de que os órgãos de controle não foram cooptados e estão atentos. E ainda que a blindagem dos principais culpados não seja rompida e eles permaneçam impunes, a história não esquecerá deles por gerações. Seja os que negligenciaram a saúde pública, lucraram com a pandemia e acabaram numa casa de vinhos, seja os que, comprometidos na forma de julgar, não vislumbraram falta ou comprometimento num dos maiores escândalos da história recente do Amazonas. 

O que aconteceu naquele 14 de janeiro de 2021 foi um massacre, um extermínio dentro da rede pública de saúde. Relembrar esse episódio  é penoso demais. Quantos amigos, filhos, irmãos, você, eu e tantos amazonenses perderam antes, durante e depois desse horror todo, registrado por milhares de câmeras de celular? Essa é uma dor que não cessa, um período de nossas vidas marcado pela por uma parada do tempo, onde faltou o principal componente da vida: o exigênio, o ar que respiramos.

Que a ação do Ministério Público Federal e Defensoria Pública prospere. E que a justiça determine que falhas cometidas por agentes públicos nesse período sejam  reparadas. Não basta indenizar. É preciso punir.

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