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Moro está com raiva. The intercept precisa abrir de vez a caixa de pandora


Por Raimundo de Holanda

02/07/2019 19h55 — em
Bastidores da Política



 O  The Intercept Brasil já causou uma grande confusão ao publicar a conta-gotas “arquivos inéditos” que colocam em xeque a atuação de Sérgio Moro na Lava jato. Mas parece ter chegado a hora de o site abrir totalmente a caixa de pandora,  com todos os pecados de Moro, se é que eles existem, porque a metodologia utilizada pelo site está criando um monstro que se aparelha e a qualquer momento pode colocar suas garras sobre a liberdade de imprensa no Brasil  - o que, por si mesmo, é uma ameaça à democracia.

O site tem justificado que as  conversas extraídas do Telegram entre o ex-juiz e membros da Força Tarefa  precisam de cuidadosa análise antes de publicá-las. Mas e os áudios e videos que o próprio site diz existirem, não podem ser publicados ? Até onde são comprometedores ?

O The Intercept criou uma expectativa que suas publicações  espaçosas e lentas não tem correspondido. Pelo contrário, serviram para aumentar  a divisão já existente na sociedade brasileira, onde o número de convertidos ao bolsonarismo e ao ex-juiz apenas tem aumentado.

Já não é Moro - claramente parcial - e ele tem demonstrado isso com a maior desfaçatez, ao tecer comentários sobre “os criminosos do colarinho branco” presos durante sua atuação como   juiz - que precisa convencer os brasileiros que havia ou não havia algo de podre nos porões da Lava Jato, subversão da lei, aliança com a direita, conluio com o candidato presidencial, etc. É o The Intercept que tem o dever de pôr um fim a essa novela, que mesmo produzindo um caloroso debate até aqui,  é altamente nociva, porque, como já dissemos, tem levado a um escancarado aparelhamento do Estado  contra a imprensa livre.

Moro disse nesta terça-feira  ao depor em comissão da Câmara dos Deputados que nunca prendeu um jornalista. Ou mandou prender.  Nunca, antes, mas é visível seu desejo de ver os que o acusam atrás das grades, em nome de uma verdade que é dele e que permitiu que ele saltasse direto da 3a Vara Federal em Curitiba para um super-ministério, negociado enquanto ele era juiz.  E sob seu comando estão agora  todas as forças de inteligência e a Polícia Federal.

É  muito perigoso o que ele disse sobre os vazamentos de conversas mantidas entre ele e membros da Força Tarefa da Lava Jato, quando juiz, mas das quais se conclui que o ex-juiz não foi imparcial em quase nada enquanto comandou a "República de Curitiba":

“A meu ver existe uma tentativa criminosa de invalidar condenações e o que é pior: a minha principal suspeita é que o objetivo principal seja evitar o prosseguimento das investigações. Criminosos que receiam que as investigações cheguem até eles e estão querendo se servir desse expediente para impedir que as investigações prossigam."

Quem são esses “criminosos” a que ele se refere, senão órgãos de imprensa e jornalistas independentes…?

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ASSUNTOS: Bolsonaro, Lava Jato, lula, Moro, The Intercept

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.