CPI da Saúde não foi apenas ‘impedida’ de funcionar: o interesse público é que não prevaleceu
Duas ações dos deputados da base governista na Assembléia Legislativa levaram o Poder Judiciário a tomar nas últimas horas decisões que barram a continuidade, ao menos momentânea, da CPI da Saúde.
O custo politico da medida é alto - mas os parlamentares que moveram as ações não se importam.
O custo para o contribuinte é sabido: R$ 2,8 milhões.
O custo para a Justiça do Amazonas pode ser mensurado pela falta de baliza para as duas decisões que tem o mesmo fundamento e a mesma origem.
Ambas passaram longe do interesse público, que os parlamentares já haviam ignorado ao buscar conter o avanço das investigações.
A questão é essa: quem liga para o interesse público, vergonhosamente atacado pelos que ingressaram com as ações? O Judiciário, que coloca em xeque, com medidas contraditórias e repetitivas, a segurança jurídica, base da crença na lei e na ordem ? Não.
Quem liga para o interesse publico, no caso da CPI da Saúde, é um punhado de homens com mandato popular, tentando fazer a diferença. E fazem, à medida que despertam a atenção dos órgãos de controle, à medida que coletam provas e indicam o caminho do dinheiro.
A CPI pode parar, mas essas investigações ganharam robustez e devem explodir a qualquer momento com outras cores, outras siglas, as mesmas que se vestem de preto, tem letreiros amarelos nas costas e costumam bater à porta dos usurpadores do patrimônio público ao amanhecer do dia.
ASSUNTOS: Amazonas, covid 19, cpi saúde, Pol[icia Federal, respiradores
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.